segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

FÉRIAS ESPÍRITAS

Pelo Espírito Albino Teixeira. Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Livro: Caminho Espírita. Lição nº 77. Página 165.


Dedicamos aos companheiros espíritas algumas sugestões para o tempo de férias:
Viajar se possível, no rumo de instituição consagrada à assistência, cooperando, por alguns dias, no tratamento de irmãos em provas maiores que as nossas como sejam os obsidiados em posição difícil ou os doentes semi-desamparados.
Devotar-se à pregação ou à conversação doutrinária, nos lares de caridade pública, onde estejam irmãos hansenianos, tuberculosos ou portadores de moléstias que requisitem segregação.
Auxiliar, de algum modo, aos que jazem nos cárceres.
Ensinar os princípios espíritas, evangélicos, nas organizações doutrinárias mais humildes, comumente sediadas na periferia de cidade ou vilas, colaborando na sementeira da Nova Revelação.
Executar um programa de visitas fraternas aos paralíticos, cegos, enfermos esquecidos ou agonizantes no local de residência.
Observar com respeito e discrição o ambiente doméstico das viúvas em abandono, enumerando sem alarde as necessidades materiais que aí se destaquem e atendendo-as, quanto seja possível.
Contribuir com algum serviço pessoal para a segurança e conforto do templo espírita que nos beneficia, quais sejam a pintura ou renovação de paredes, a restauração de utilidades, a reparação de livros edificantes ou tarefas concernentes à ordem e à limpeza em geral.
Reunir material de instrução doutrinária, tais como jornais e impressos espíritas, distribuindo-os através de prisões e hospitais, onde permanecem irmãos desejosos de mais amplos conhecimentos.
Costurar para os necessitados, principalmente no sentido de melhorar a rouparia de orfanatos, creches e lares outros de assistência espírita-cristã.
Preparar o enxoval para algum pequenino, em vias de renascer nos distritos de penúria e sofrimento.
Criar a alegria de um enfermo, largado ao próprio infortúnio, ou de uma criança que a provação situou em constrangedoras necessidades.
Pense nas suas férias e não permita que a sua oportunidade de elevação venha a escapar.

"Embora as imperfeições que ainda nos assinalem o espírito, estendamos os ensinamentos de Jesus, onde estivermos e como estivermos. A ânfora de barro tanto carrega a rosa que, um dia, acaba por se lhe impregnar do perfume”. André Luiz & Chico Xavier. Livro: Taça de Luz. Lição: Convite ao Evangelho.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Mecanismos de evasão

SEXTA PARTE
 MATURIDADE PSICOLÓGICA

22
Mecanismos de evasão

A larga infância psicológica das criaturas é dos mais gra­ves problemas, na área do comportamento humano.
Habituada, a criança, a ter as suas necessidades e anseios resolvidos, imaturamente, pelos adultos — pais, educadores, familiares, amigos — ou atendidos pela violência do clã e da sociedade, nega-se a crescer, evitando as responsabilidades que enfrentará.
No primeiro caso, porque tudo lhe chega às mãos de for­ma fácil, dilata o período infantil, acreditando que a vida não passa de um joguete e o seu estágio egocêntrico deve perma­necer, embora a mudança de identidade biológica, de que mal se dá conta.
Mimada, acomoda-se a exigir e ter, recusando-se o esfor­ço bem dirigido para a construção de uma personalidade equi­librada, capaz de enfrentar os desafios da vida, que lhe che­gam, a pouco e pouco.
Acreditando-se credora de todos os direitos, cria meca­nismos inconscientes de evasão dos deveres, reagindo a eles pelas mais variadas como ridículas formas de atitude, nas quais demonstra a prevalência do período infantil.
No segundo caso, sentindo-se defraudada pelo que lhe foi oferecido com má vontade e azedume ou sistematicamente negado, a criança se transfere de uma para outra faixa etária, sem abandonar as seqüelas da sua castração, buscando reali­zar os desejos sufocados, mas, vivos, quando lhe surja a opor­tunidade.
Em ambos acontecimentos, o desenvolvimento emocio­nal não corresponde ao físico e ao intelectual, que não são afetados pelos fenômenos psicológicos da imaturidade.
Excepcionalmente, pode suceder que o alargamento do período infantil, por privação dos sentimentos e pelas angús­tias, produza distúrbios na saúde física como na mental, ge­rando dilacerações profundas, difíceis de serem sanadas.
Na generalidade, porém, o que sucede são as apresenta­ções de adulto susceptível, medroso, instável, ciumento, que não superou a crise da infância, nela permanecendo sob con­flitos lastimáveis.
As figuras domésticas representadas pelo pai e pela mãe permanecem em atividade emocional, no inconsciente, re­solvendo os problemas ou atemorizando o indivíduo, que se refugia em mecanismos desculpistas para não lutar, manten­do-se distante de tudo quanto possa gerar decisão, envolvi­mento responsável, enfrentamento.
Fugindo das situações que exigem definição, parte para as formulações e comportamentos parasitas, buscando nas pessoas que considera fortes e são elegidas como seus heróis ou seus superiores, porqüanto, tudo que elas empreendem se apresenta coroado de êxito.
Não se dá conta da luta que travam, das renúncias e sacri­fícios que se impõem. Esta parte, não lhe interessa, ficando propositadamente ignorada.
Como efeito cresce-lhe a área dos conflitos da personali­dade, com predominância da autocompaixão, num esforço egoísta de receber carinho e assistência, sem a consciência da necessidade de retribuição.
Não lhe amadurecendo os sentimentos da solidariedade e do dever, crê-se merecedor de tudo, em detrimento do esfor­ço de ser útil ao próximo e à comunidade, esquecendo-se das falsas necessidades para tornar-se elemento de produção em favor do bem geral.
Instável emocionalmente, ama como fuga, buscando apoio, e transfere para a pessoa querida as responsabilidades e preocupações que lhe são pertinentes, tornando o vínculo afetivo insuportável para o eleito.
Outras vezes, a imaturidade psicológica reage pela forma de violência, de agressividade, decorrentes dos caprichos in­fantis que a vida, no relacionamento social, não pode aten­der.
Uma peculiar insensibilidade emocional domina o indi­víduo, que se desloca, por evasão psicológica, do ambiente e das pessoas com quem convive, poupando-se a aflições e somente considerando os próprios problemas, que o como­vem, ante a frieza que exterioriza quando em relação aos so­frimentos do próximo.
O homem nasceu para a auto-realização, e faz parte do grupo social no qual se encontra, a fim de promovê-lo cres­cendo com ele. Os problemas devem constituir-lhe meio de desenvolvimento, em razão de serem-lhe estímulos-desafios, sem os quais o tédio se lhe instalaria nos painéis da atividade, desmotivando-o para a luta.
Desse modo, são parte integrante da estruturação mental e emocional, responsáveis pelos esforços do próximo e do grupo em conjunto, para a sobrevivência de todos.
O solitário é prejuízo e dano na economia social, pertur­bando a coletividade.
Fatores que precedem ao berço, presentes na historiogra­fia do homem, decorrentes das suas existências anteriores, situam-no, no curso dos renascimentos, em lares e junto aos pais de quem necessita, a fim de superar as dívidas, desen­volver os recursos que lhe são inerentes e lhe estão adorme­cidos, dando campo à fraternidade que deve viger em todos os seus atos.
Assim, cumpre-lhe libertar-se da infância psicológica, mediante as terapias competentes, que o desalgemam dos condicionamentos perniciosos, ao mesmo tempo trabalhan­do-lhe a vontade, para assumir as responsabilidades que fa­zem parte de cada período do desenvolvimento físico e inte­lectual da vida.
Partindo de decisões mais simples, o exercício de ações responsáveis, nas quais o insucesso faz parte dos empreendi­mentos, o homem deve evitar os mecanismos de evasão, as­sim como as justificativas sem sentido, tais: não tenho culpa, não estou acostumado, nada comigo dá certo, aí ocultando a sua realidade de aprendiz, para evitar as outras tentativas que certamente se farão coroar de êxitos.
A experiência do triunfo é lograda através de sucessivos erros. O acerto, nos primeiros tentames, não significa a segu­rança de continuados resultados positivos.
Em todas as áreas do comportamento estão presentes a glória e o fracasso, como expressões do mesmo empreendi­mento.
A fixação de qualquer aprendizagem dá-se mediante as tentativas frustradas ou não. Assim, vencer o desafio é esfor­co que resulta da perseverança, da repetição, sem enfado nem cansaço.
Toda fuga psicológica contribui para a manutenção do medo da realidade, não levando a lugar algum. Mediante sua usança, aumentam os receios de luta, complicam-se os meca­nismos de subestima pessoal e desconsideração pelos própri­os valores.
O homem, no entanto, possui recursos inesgotáveis que estão ao alcance do esforço pessoal.
Aquele que se demora somente na contemplação do que deve fazer, porém, não se anima a realizá-lo, perde excelente oportunidade de desvendar-se, desenvolvendo as capacida­des adormecidas que o podem brindar com segurança e reali­zação interior.
Todo o esforço a ser envidado, em favor da libertação dos mecanismos de fuga, contribui para apressar o equilíbrio emocional, o amadurecimento psicológico, de modo a assu­mir a sua humanidade, que é a característica definidora do indivíduo: sua memória, seus valores, seus atos, seu pensa­mento.
A fuga, portanto, consciente ou não, no comportamento psicológico, deve ser abolida, por incondizente com a lei do progresso, sob a qual todas as pessoas se encontram submeti­das pela fatalidade da evolução.


 O HOMEM INTEGRAL
DIVALDO PEREIRA FRANCO

DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS