segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O Medo

Na  luta  furiosa,  as  festas  ruidosas,  as  extravagâncias  de  conduta,  os desperdícios de moedas e o exibicionismo com que algumas pessoas pensam vencer  os medos íntimos, apenas se transformam em lâminas baças de vidro pelas quais  observam a vida sempre distorcida, face à óptica incorreta que se permitem. São  atitudes patológicas decorrentes da fragilidade emocional para enfrentar os desafios  externos e internos.
A consumação da sociedade moderna é a história da desídia do homem em  si mesmo, enlanguescido pelos excessos ou esfogueado pelos desejos absurdos.  Adaptando-se às sombras dominadoras da insensatez, negligencia o sentido  ético gerador da paz.  A  anarquia  então  impera, numa  volúpia destrutiva,  tentando  apagar as  memórias do ontem, enquanto implanta a tirania do desconcerto.  Os seus vultos expressivos são imaturos e alucinados, em cuja rebelião  pairam o oportunismo e a avidez.  Procedentes dos guetos morais, querem reverter a ordem que os apavora,  revolucionando com atrevimento, face ao insólito, o comportamento vigente.  Os antigos ídolos, que condenaram a década de 20 e30 como a da “geração  perdida”, produziram a atual “era da insegurança”, na qual malograram as profecias  exageradamente otimistas dos apaniguados do prazer em exaustão, fabricando os  super­homens da mídia que, em análise última, são mais frágeis do que os seus  adoradores, pois que não passam de heróis da frustração. 

Joanna de Ângelis

O Homen Integral; Cap.: O Medo. Psicografia de Divaldo P. Franco

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