Na luta furiosa, as festas ruidosas, as extravagâncias de conduta, os desperdícios de moedas e o exibicionismo com que algumas pessoas pensam vencer os medos íntimos, apenas se transformam em lâminas baças de vidro pelas quais observam a vida sempre distorcida, face à óptica incorreta que se permitem. São atitudes patológicas decorrentes da fragilidade emocional para enfrentar os desafios externos e internos.
A consumação da sociedade moderna é a história da desídia do homem em si mesmo, enlanguescido pelos excessos ou esfogueado pelos desejos absurdos. Adaptando-se às sombras dominadoras da insensatez, negligencia o sentido ético gerador da paz. A anarquia então impera, numa volúpia destrutiva, tentando apagar as memórias do ontem, enquanto implanta a tirania do desconcerto. Os seus vultos expressivos são imaturos e alucinados, em cuja rebelião pairam o oportunismo e a avidez. Procedentes dos guetos morais, querem reverter a ordem que os apavora, revolucionando com atrevimento, face ao insólito, o comportamento vigente. Os antigos ídolos, que condenaram a década de 20 e30 como a da “geração perdida”, produziram a atual “era da insegurança”, na qual malograram as profecias exageradamente otimistas dos apaniguados do prazer em exaustão, fabricando os superhomens da mídia que, em análise última, são mais frágeis do que os seus adoradores, pois que não passam de heróis da frustração.
Joanna de Ângelis
O Homen Integral; Cap.: O Medo. Psicografia de Divaldo P. Franco
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